quarta-feira, 28 de junho de 2017

WONDER WOMAN (2017)


Sou um gajo heterossexual, e como tal aprecio mulheres. E aqui não sou esquisito em relação a raça ou credo. Apesar de por vezes ser um bronco insensível, tenho a esperteza para perceber que, mesmo vivendo em pleno séc. XXI, ainda somos uma sociedade machista. E sinceramente não percebo porquê: o mundo sempre foi liderado principalmente por homens e é o que se vê. Tenho fé que as coisas vão mudando. Se bem que existem uns grupos de feministas que estão mais interessadas não na igualdade de género mas em retirar de alguma forma direito à raça masculina. Mas isso já são outras questões que não interessam nada.
Ora, no cinema esse machismo também sempre existiu, mas também sempre houve quem tentasse lutar contra isso. Colocar uma mulher como heroína num filme de acção não é o mais usual mas vai existindo, umas vezes de forma mais bem sucedida, outras nem por isso.
Eu próprio poderei ser um culpado por esse machismo. Por vezes gosto de apreciar a mulher apenas pelo corpo, numa espécie de objectificação do sexo feminino. Assumo a minha culpa. Quantas vezes não vejo determinado filme apenas porque tem "gajas boas". Por que razão eu gosto tanto de DOA: Dead or Alive? O filme é mau mas tem gajas boas de bikini a lutar.

Há sempre nomes de personagens que vêm justamente à nossa memória. Para um tipo da minha geração, a primeira foi talvez a Princesa Leia (Carrie Fisher) na Guerra das Estrelas. Todos os outros gajos da minha geração lembram-se de Sarah Connor (Linda Hamilton). Eu não... A culpa não é dela, mas simplesmente porque odeio Terminator.


Já neste século apareceu uma daquelas mulheres de sonho (pelo menos para mim). E estou a falar de Angelina Jolie nuns calções curtos a fazer de Lara Croft. Se há actrizes que nasceram para interpretar determinados papéis, este é um exemplo claro disso. Os filmes podem não ser grande coisa, mas caramba, aquela personagem povoou os meus sonhos anos a fio. Mais recentemente uma miúda deu nas vistas. Não era propriamente uma mulher feita, mas antes uma menina com ar angelical que despachava bandidos ao pequeno almoço. Hit Girl do Kick Ass é talvez a mais politicamente incorrecta e deliciosa personagem que apareceu nos últimos anos no cinema.

Existem muitos mais exemplos de mulheres heroínas nos filmes de acção, no entanto estas eram as mais memoráveis aqui para o escriba.

Isto até 2017. Bendito ano em que deu à costa a Mulher Maravilha. E quem diria que um filme da saga de Man of Steel poderia ser bom?
Confesso que não fiquei maravilhado com a escolha de Gal Gadot para o papel principal. Erro meu. Só a conhecia da saga Fast and Furious e ela era a personagem menos interessante dos filmes onde aparece. E não conseguia vislumbrar ali grande coisa. Acontece que aqui nem parece a mesma.
O filme em si aparenta ser mais um das centenas de filmes de super-heróis que sai todos os anos. Sinceramente não sei até onde vai esta febre dos "comic book movies". Mas hoje são uma realidade e temos de viver com ela, afinal temos sempre a opção básica de não os ver, caso estejamos saturados.
Para mim, este destaca-se em relação à grande maioria do que vai saindo, e sim, muito por culpa de uma mulher que é mais que um corpo bonito.


SPOILERS

Primeiro, este é um filme de época, e para mim isso ajudou. Na rival Marvel, o melhor filme da MCU (opinião pessoal) era o primeiro Captain America, e os dois filmes passavam-se durante as guerras mundiais.
Depois a realizadora percebe que não interessa mostrar só acção. Aqui há muito mais que isso. Aqui conseguimos ganhar interesse e afeição pelos diversos personagens, daí que o final (SPOILER) com o sacrifício do personagem do Chris Pine tenha sido, por um lado, surpreendente, e por outro emotivo. Um filme que toma o seu tempo em cada cena.
Consegue-se ainda um equilíbrio das emoções ao longo das 2h20. Há tempo para vibrar com as cenas de acção, há tempo para rir nos momentos de comédia, e há tempo para estar emocionalmente conectado à história e personagens.
Visualmente o filme resulta. Ao contrários dos anteriores filmes deste universo (Man of Steel e Batman v. Superman) este tem muita cor. Talvez se tenha abusado nas cenas em câmara lenta. Mas de vez em quando esta opção resultava em grande.
De resto eu só queria a Gal Gadot... em cada cena ela enche o ecrã. E naquela cena em que ela salta de uma trincheira e avança em direcção ao inimigo, quase que me dá vontade de chorar.

Negativamente, o normal neste tipo de filmes: o inimigo. E nem é culpa do actor. Mas o personagem não tem carisma. 
Também o início do filme me pareceu meio nhec (termo para designar "falta de sal"). Aqueles diálogos não me soavam de forma natural, talvez porque ainda não estava suficientemente embrenhado na situação.

No geral, é um dos grandes filmes de super-heróis e finalmente um tiro certeiro da DC, depois dos últimos desastres.

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