segunda-feira, 27 de março de 2017

THE MATRIX (1999)


1999. O Mundo estava à beira do fim. Havia uma coisa que atormentava tudo e todos. Uma coisa que ditava o Apocalipse, o armagedão. Era o chamado Bug do milénio. Se bem me lembro, parece que os computadores iriam rebentar e mandar a Terra de volta para a idade da Pedra, tudo porque não conseguiriam fazer a passagem do ano 1999 para 2000. Era realmente uma chatice. Ora, se eu estou a escrever este texto em 2017, é porque essas "profecias" não se realizaram, se bem que as coisas não estejam espectacularmente melhores.
Em 1999, a informática para mim estava presente nomeadamente nas aulas de ITI (Introdução às Técnicas de Informação), e aquelas aulas eram quase ficção-científica, pois lidávamos com uma coisa que era o MS-DOS. Acho que os professores devem ter ficado congelados no tempo, pois se bem me recordo, essa coisa do MS-DOS, mesmo em 1999, era coisa do passado. Só faltava, essas aulas serem dadas em ZX-Spectrum, que durante muitos anos foi o meu companheiro. A primeira pornografia que vi foi num 128K, e era esse mítico jogo "Paradise Cafe". Também o jogo "Saboteur 2" tinha uma protagonista de roupa de cabedal e seios avantajados. Agora que penso nisso, bem podia fazer parte do filme que me traz aqui hoje, The Matrix.
E nesse final de século, The Matrix era a cena. Foi o filme que toda a gente falava. Não havia adolescente, naquela altura, que não amasse o filme. Já não me lembro porquê, mas não consegui ir ver o filme ao cinema. Só uns meses mais tarde, e por causa do hype todo, é que comprei uma cassete VHS do filme, e digamos que a reacção não foi a que esperava. Fui todo lampeiro comprar o filme, pois tinha a certeza que o iria adorar. Chegava tarde mas ia gostar na mesma, e digamos que não foi isso que aconteceu. Tinha achado o filme mau. E a partir daí, comecei a construir uma relação de ódio em relação ao filme. Dizia sempre que era a pior coisa que já tinha visto na vida. Estava a mentir, eu sei, mas era mau. E talvez a culpa fosse minha. Talvez não tivesse percebido bem todas as camadas do filme, todas as metáforas subjacentes a cada tema.


Bem, o filme começa com uma cena de abertura que dá o mote para o tipo de acção que aí vem. A polícia persegue a Trinity (Carrie A. Moss), se bem que não sabemos qual foi o crime que cometeu. Aparecem os Agents a "ajudar" na perseguição e vemos logo que existem dois mundos: o "real" e o Matrix.
Entretanto aparece o Neo (Keanu Reeves) que dá numa de Alice no País das Maravilhas, segue o "white rabbit" e conhece Morpheus (Lawrence Fishburne) que diz que ele deverá ser o One, ou Escolhido, e cumprir a profecia. Curiosamente One é um anagrama para Neo. Não sei se isto foi propositado, mas não deixa de ser um spoiler. Morpheus passa 80% do filme a ensinar o que é o mundo do Matrix. No terceiro acto do filme, o Morpheus é raptado pelos Agents e assistimos ao resgate, naquela cena que se tornou mítica, em que o Neo e a Trinity entram pelo prédio a dentro.
Acaba com o Neo a ser morto e a ressuscitar com um beijo tal e qual a Bela Adormecida. 

Há três palavras que podem ajudar a definir o filme: estilo, cabedal e Nokia. Quando estão conectados, os personagens enchem-se de estilo com grandes roupas, a gaja com um fato de cabedal impecável, e Nokias que em 1999/2000 todos queríamos ter. O Neo começou a ditar a moda dos casacos compridos. E depois o filme é visionário: ainda antes dos azeitolas dos reality-shows andarem de óculos de sol à noite e dentro de prédios, já estes tipos andavam a fazer isso. Porquê? No entanto, tenho de admitir que os óculos de sol do Morpheus são super-espectaculares. 


O melhor do filme: a léguas, Agent Smith (Hugo Weaving) é o melhor deste filme e da trilogia completa. Depois, a personagem mais interessante só aparece numa cena. E estou a falar da velha que é tipo Maya e que diz ao Neo o que ele deve ouvir. Bem, este Oráculo sabe TUDO, mas depois não adivinhou que a equipa dos bons tinha lá um traidor no meio. 

No geral, o filme é cheio de estilo com algum conteúdo. É certo que a dupla amorosa (Neo / Trinity) tem a química de dois calhaus que se apaixonaram, mas na verdade também vemos este filme por outras razões. 

(O pior estava mesmo para vir nos dois filmes seguintes)

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