segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

PATRIOTS DAY (2016)


Já todos sabemos que vivemos numa era das redes sociais. Todos temos opiniões que partilhamos por esses facebooks fora, e na maioria das vezes são opiniões sem fundamento nenhum. Todos somos donos da verdade. Seja a discutir futebol, touradas, refugiados, atentados, etc. 
O terrorismo internacional é uma realidade. Já percebemos isso. Todos os dias existem atentados por esse mundo fora. Todos os dias morre gente na Síria, África, Conchichina, vítimas de um atentado suicida/ homicida. E, nós, vamos vivendo a nossa vida com os nossos problemazinhos. Aqui na Tugalândia não é diferente. Há crimes todos os dias (obrigado CMTV - LIXO - por nos mostrarem imagens violentas em loop à hora de almoço); políticos que nos roubam; discussões infinitas sobre "futebol" (onde se discute tudo menos futebol); etc etc... Na nossa província não existem propriamente aqueles atentados terroristas, como em França, EUA, Espanha, Inglaterra, Alemanha, etc. Queremos tanto fazer parte deste círculo, que quando alguém perde uma mochila cheia de roupa numa paragem de autocarro, as televisões fazem directos de horas a fio com a polícia a "desarmar" essas bombas. Enfim... Claro que quando acontece um atentado num país ocidental apressamo-nos a ir partilhar a nossa "dor" no Facebook. Porque "sentimos" essa coisinha que é: "olhem para mim tão importante que me importo com aquelas vítimas desses atentados". Claro que 24 horas depois já nem sabemos o que aconteceu. Joga o Benfica e a minha "dor" por essas vítimas já passou. Estou a cagar-me para essas pessoas. O meu clube foi roubado, por isso deixa-me espalhar a minha dor e a minha raiva. 
O que se passou em Abril de 2013 em Boston, durante a Maratona, foi mais um desses episódios que serviu para nós "chorarmos" as vítimas desses atentados com um post no Facebook, Twitter e afins. E se para nós foi só mais um episódio, para o povo americano no geral e da cidade em particular, foi um dia negro. 
Peter Berg anda a especializar-se em filmes que retratam eventos históricos recentes. Depois do Lone Survivor e de Deepwater Horizon, o realizador volta a juntar-se a Mark Wahlberg. Neste Patriots Day, testemunhamos o atentado em si e toda a caça ao homem nos dias que se seguiram. 
Este filme corria o risco de ser visto como uma espécie de aproveitamento do sofrimento alheio, digno de um tabloid. Acontece que é feito com tanta classe e bom gosto (à falta de melhor expressão) que não nos importamos com isso. Aliás, acho que é uma bela homenagem à cidade de Boston e suas gentes. 
Filmado um pouco ao estilo daquilo que o Paul Greengrass tinha feito com o United 93, vamos acompanhando os passos da polícia e dos dois irmãos terroristas. Há cenas cheias de tensão. Um exemplo disso é a cena em que um asiático é raptado pelos irmão em fuga. A música que acompanha deixa-nos com os nervos à flor da pele. 
E se há cenas tensas, há também esperança demonstrada ao longo do filme. É que sabemos que estamos a ser manipulados, até porque cinema é isso mesmo: manipulação. Mas aqui não nos importamos com isso. 


Em jeito de conclusão, trata-se de um filme claramente patriota (olhem para o título...) e que homenageia a polícia e as pessoas que ajudaram e sofreram com o atentado. Acaba por mostrar que as pessoas não são só merda. O ser humano acaba por ter coisas boas e é isso que se pretende mostrar no filme. A cena final com todos os testemunhos acaba por servir como homenagem a essas mesmas pessoas. E finalmente, os actores/ personagens, que não nos parecem personagens. São pessoas reais e é isso que é transmitido. 
Mark Wahlberg está impecável, mas gostava de ter visto mais de Kevin Bacon ou John Goodman. Mas isso acaba por não ser um grande mal, pois aqui o que importa é o evento e não tanto as pessoas no particular. 

Para mim, um dos melhores filmes de 2016.  

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