terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

HACKSAW RIDGE (2016)


Ah, que refrescante é ver o novo filme do gajo que já nos tinha dado Braveheart, Apocalypto ou a Paixão de Cristo. Sim, Mel Gibson voltou, e em boa hora. Há já alguns anos que não via um bom filme de guerra. E aqui, decide contar a história verídica de um herói da Segunda Guerra Mundial. O herói que, sozinho, salvou a vida a 75 pessoas em Okinawa, sem matar um único japonês, nem sequer tocar numa arma. 
E digo desde já que estamos perante um Bom filme, com realização impecável, sustentada por actores que sabem o que fazem. Mas já lá vamos.
O filme conta a história desse herói, Desmond Doss, desde a infância até à batalha de Hacksaw Ridge. E essa viagem até à infância dele é importante para nos ajudar a perceber as motivações dele mais tarde. 
Eu cá acho que podemos dividir o filme em duas partes distintas. 


A primeira parte é mais "ligeira", e que consegue alternar entre momentos mais dramáticos, nomeadamente com a figura do pai de Desmond (Hugo Weaving), e as cenas com Teresa Palmer, a namorada. E aqui me confesso: gostei bastante de todo o flirt e engate que o rapazinho faz à miúda. Pareceu tudo tão inocente a forma como aborda a rapariga e todo o namoro posterior. Foi fofo, mesmo que tenha sido aquilo que os ingleses chamam de "corny" ou piroso. Mas foi um piroso bom. Depois o gajo alista-se pois quer servir o país na guerra, que entretanto começou. Só há um pormenor: está bem que quer ir para a guerra, ajudar o país contra os inimigos e tal, mas alto lá com isso que não pego em nenhuma arma. Ainda assim, lá está ele no recrutamento. E aqui quem brilha é Vince Vaughn. Sim, o gajo que faz sempre dele próprio nos filmes, o engraçadinho, tem aqui um papelaço. Então a primeira cena em que ele aparece, com o pelotão em sentido na camarata fez lembrar o Full Metal Jacket do Kubrick
E já que falo no Vince Vaughn, refiro já quem se destaca. Estão todos bem. Não há ninguém que faça um mau papel, mas caramba, há muito que não via o Hugo Weaving com um desempenho tão forte como aqui. Um gajo sente a dor e sofrimento só de olhar para ele. 
A Teresa Palmer é gira que dói, e a parelha que faz com o Grafield resulta em cheio. Há ali química. Não sei se nos bastidores a coisa rolou, mas no set resultava.
E claro, o Andrew Garfield. Eu já sabia que o gajo era bom actor. É até hoje o melhor Peter Parker/ Spider Man. E no Social Network do Fincher, era ele quem se destacava do resto. Mas caramba, aqui superou-se a si próprio, seja nas cenas em que mostra um lado mais desajeitado, seja na acção propriamente dita. 


Bem, mas o que fica realmente na memória é toda aquela segunda parte do filme, ou seja, quando o pelotão vai para a frente de batalha. Digamos apenas que não há ninguém muito melhor que o Mel Gibson para filmar a violência, brutalidade da guerra de forma tão realista. Desde Spielberg com o seu Resgate do Soldado Ryan que não via nada assim. 
E se nos pode parecer paradoxal esta forma de filmar tão violenta e visceral, pois para alguns poderá parecer que está a glorificar a guerra, isto (na minha opinião) só realça ainda mais o feito de Desmond Doss. É que no meio daquele horror todo retratado (e só quem já esteve presente num campo de batalha poderá sequer perceber o que isso é), o gajo nunca vacilou, não cedeu, e mesmo assim conseguiu salvar a vida a 75 pessoas, inclusive a de um inimigo. 

No geral é um filme que tem um equilíbrio muito bom de sentimentos. Consegue juntar adrenalina, terror e tensão. E há ali momentos bem tensos: a cena em que o gajo enterra um ferido vivo para este não ser apanhado pelos japoneses foi de cortar a respiração. E depois é um filme muito gráfico: vemos membros a voar, intestinos e tripas de fora, um gajo soldado que usa meio corpo de outro como escudo. Há para todos os "gostos" (esta não será a palavra mais correcta). 

Acaba por ser um filme importante nos dias de hoje, ao mesmo tempo que homenageamos uma pessoa que estava "esquecida" mas que merece ser lembrada. E a acreditar nos depoimentos das pessoas, grande parte do que foi retratado no filme passou-se mesmo.
Como ponto negativo: serviu para perceber que sou um mariquinhas que se visse naquela situação, tenho a certeza que me entregaria ao inimigo ao primeiro segundo ou então permaneceria bem escondido durante a batalha inteira. 


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