segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

UNBREAKABLE (2000)


Tempos houve em que o cinema pipoca não estava sobrelotado com filmes de super-heróis. E o ano 2000 foi o nascer de uma nova era nesse género. Porque até aí, é certo que já tínhamos tido Super-Homem e Batman, mas eram coisas esporádicas. 
Ora, no Verão de 2000, surge um filme com super-heróis que deu o pontapé de saída à enxurrada que existe hoje. Era o X-Men. A partir daqui as coisas (para o melhor e para o pior) nunca mais foram as mesmas. E se esse filme era bom (apresentou-nos o Wolverine), não era o melhor filme de super-heróis do ano. Essa honra coube ao "novo filme de Shyamalan". Sim, porque depois do Sexto Sentido, cada novo filme do realizador era um evento. 
Eu acho que as pessoas não estavam à espera do filme que levaram. Foi apresentado como um thriller de suspense e levamos com o filme do gajo que tem ossos de vidro e do outro que é "inquebrável". Ou seja, a estratégia de marketing saiu furada. Porque as pessoas esperavam uma coisa e levaram com outra completamente diferente.

SPOILERS para um filme com 17 anos

O que é que aqui temos? Temos então a "origin-story" de David Dunn (Bruce Willis) e como se torna numa espécie de "vigilante", como descobre os seus poderes. Aqui também há um vilão, o Elijah Price (Samuel L. Jackson), mas que só sabemos que é o vilão no final.

Mas Unbreakable é mais do que um filme de super-herói. É um filme sobre a descoberta, a obsessão. A obsessão do Elijah em descobrir um homem que é o oposto a si, leva-o a cometer os maiores atentados à vida humana. Provoca um acidente de avião, um grande incêndio e um descarrilamento de um comboio. Tudo porque está obcecado. 
Se há filme que nos dá uma perspectiva aprofundada do mundo dos comics e BD/ graphic-novels, este é o filme indicado. Uma espécie de lição para esse universo. 


Goste-se ou não de Shyamalan, há algo que temos de lhe tirar o chapéu. O gajo tenta ser sempre inovador (ou pelo menos diferente do padrão). Veja-se o seu trabalho com a câmara e os seus takes. Gosta de fazer uso das chamadas "one-takes" (cenas longas sem corte aparente), mas sempre com algum propósito. 
Depois há uma atenção ao detalhe: por exemplo no uso das cores. Já tinha falado deste pormenor no filme anterior (a importância da cor vermelha em Sexto Sentido. Aqui ganha outra importância. Todo o super-herói tem a sua cor: o Homem-Aranha e o seu vermelho, o Batman com o preto, o Super-Homem e Capitão América com as cores da bandeira norte-americana, etc. Neste filme, o herói veste o verde, e tudo o que está relacionado com ele tem essa cor. Já o vilão tem no roxo a sua cor de eleição. 

Uma palavra final para a dupla de protagonistas:
- Bruce Willis volta a ter uma interpretação contida e cheia de subtilezas. A partir daqui nunca mais foi mesmo.
- O Samuel L. Jackson tem uma interpretação também ela muito contida. O oposto de 90% dos filmes que faz. E não largou nenhum "Fuck" a meio do filme, o que não é normal.

Para concluir, dizer apenas que este é o melhor filme do Super-Homem de sempre, cuja água é a sua kryptonite. E como diz o Elijah no final do filme: o vilão é o oposto do herói que muitas vezes são amigos no início. (Isso acontece na série Smallville: Clark Kent e Lex Luthor eram antes de tudo amigos).

Um filme que tem envelhecido bem, do jeito que os grandes filmes são.

TOP Shyamalan até ao momento:

1º The Sixth Sense
Unbreakable

(Próximo filme: Signs. Um dos melhores filmes de invasões extraterrestres que conheço.)

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