terça-feira, 10 de janeiro de 2017

PETE'S DRAGON (2016)


Corria o ano de 1989/90 (não sei precisar ao certo, porque já não vou para novo) quando descobri uma VHS lá em casa. Eu tinha uns 7/8 anos mas já sabia utilizar um leitor de vídeo. Para os mais novos que estejam a ler isto, um leitor de VHS funcionava da seguinte maneira: tínhamos um leitor ao qual inseríamos um objecto que chamávamos de cassete. E pronto, carregava-se no play e o filme começava. Aliás, por vezes nem era preciso carregar no play porque o filme começava automaticamente. Hoje em dia, para vermos um filme num leitor de DVD ou bluray, ainda temos de ir às configurações seleccionar as legendas e/ou o audio. E depois há filmes cujo menu não é assim tão óbvio. É coisa que os mais velhos nem sempre conseguem fazer. 
Mas estava a dizer que descobri uma cassete em casa, onde na lombada dizia "O Meu Amigo Dragão". Como era uma cassete gravada, não tinha direito a capa do filme que estava lá dentro. Um dia lá meti a cassete no leitor e fico a ver. O quê?? Um filme brasileiro? Já me bastavam as telenovelas da hora de almoço e jantar que tinha de ver porque não dava mais nada. Esses primeiros segundos afugentaram-me. Um filme brasileiro (não sabia que existiam dobragens, por isso se falavam em brasileiro, então o filme também o era), e ainda por cima não eram bonecos. Nem sei como fui aguentando até perceber o que era. Entretanto aparece um dragão em desenho animado. Ahhh... agora sim. O filme lá me colou. Mesmo com as musiquinhas todas lá pelo meio (afinal era um filme Disney) tinha adorado aquilo. A história de um menino órfão que faz amizade com um dragão. Foram dezenas as vezes que vi o filme.
Passaram uns anos, e o filme ficou adormecido na minha memória até que encontrei o DVD à venda. Não o consegui ver na versão original mas sim a dobrada. No entanto, o filme voltou a adormecer na minha memória. Até ao ano passado.

Parece que a Disney anda numa fase em que quer refazer tudo o que já fez anteriormente. Desde os clássicos de animação, em que Cinderela e O Livro da Selva já foram corridos a remakes, até filmes em acção real. Este já está despachado. Parece que vêm aí mais, entre eles a Mary Poppins. Em vez de voltar a mostrar os clássicos mais antigos, toca a refazer tudo para as gerações mais novas. Porque os putos de agora não vão à bola com cinema antigo.
Este Pete's Dragon é uma revisita a um filme que não era um grande clássico. Muita gente desconhecia o original. Mesmo pessoal da minha idade. 
O filme começa logo com a parte do acidente de carro que deixa o puto órfão e onde o mesmo conhece o dragão a quem dá o nome de Elliot. Desta vez não há cá desenho animado e toca a fazer uso do CGI ultra-moderno para dar vida ao bicho. E o que é certo é que resultou em cheio. Apesar do filme se chamar, numa tradução literal, o Dragão do Pete, o dragão propriamente dito não aparece muito no filme. Aparece no início para nos mostrar todo o convívio com o miúdo, mas a partir do momento em que o órfão é resgatado, pouco aparece, à excepção do final. Isso pode desapontar um pouco, porque todos nós vemos o filme para "estar" com o Elliot e depois sabe a pouco. 


Mas o filme tem coisas muito positivas. Desde logo, é um filme de pura fantasia como poucos. Aliás, actualmente já não se fazem filmes destes. Por isso é bom que algum estúdio arrisca. E este filme respira Disney por todos os lados. Aquela Disney que nos habituámos a conhecer. Mais ou menos ao mesmo tempo que saía este, o Spielberg estreava o seu The BFG
Depois é mais um filme que serve para nos mostrar que os seres-humanos podem ser lixo. Ah, o puto chega a não ser irritante, como qualquer criança do cinema pode ser. 

Do lado negativo poderia apontar o elenco, ou a forma como é aproveitado. Vamos buscar actores do calibre do Robert Redford ou Karl Urban e depois são do mais superficial que existe. Qualquer actor em início de carreira poderia fazer aquilo. Claro que a culpa não é deles, mas os personagens são muito flat, sem profundidade alguma, à excepção do rapazito.

No geral, é um filme que não ofende, não transcende mas que poderia fazer sonhar qualquer gaiato, mas os putos de hoje em dia não sei se ligam muito a isso. Fosse feito nos anos 80, e talvez tivéssemos aqui um clássico.

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