quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

BLAIR WITCH (2016)


Eu ainda sou do tempo em que havia gente que acreditava que The Blair Witch Project era um documentário e que aquelas pessoas estavam mesmo mortas, ou seja, que aquilo era tudo real. Totós... e não, eu não fazia parte desse grupo. Lembro-me perfeitamente da noite em que fui ver esse filme ao cinema no Casino da Figueira. Lembro-me muito bem de ter saído do filme com os pêlos todos do corpo arrepiados. Lembro-me de ir a pé para casa mais os amigos (ainda eram uns 30 minutos a pé) e de quase borrarmos as cuecas com algum barulho. Lembro-me de quase não ter conseguido dormir nessa noite. Sim, o filme teve esse efeito em mim. Para muitos (se calhar a maioria) o filme não teve. 
Entretanto, uns anos mais tarde veio uma sequela, que basicamente era cocó. 
Este ano, já muitos pensavam que essa "saga" (não sei se dois filmes já constituem uma "saga") estava morta e enterrada, quando do nada, um filme que se chamava apenas "The Woods" passou a intitular-se Blair Witch. E pumba, ficou tudo doido. E mais, faltavam apenas umas semanitas para a estreia. Não é que tenha sido um sucesso imenso de bilheteira: "apenas" lucrou nove vezes o budget do filme. Aqui em terras lusas, o filme não esteve em muitas salas. Esperei por ele nas salas próximas de mim, e nada. Nem uma semana esteve numa sala próxima. Cabrões... Há filmes que ficam semanas a fio com salas quase vazias e depois não exibem outros. Não percebo as escolhas editoriais nas companhias.
Mas será que valeria ver isto numa sala de cinema? VALE SEMPRE A PENA ver um filme numa sala de cinema, a menos que o filme seja uma merda pegada. 


SPOILERS

Se querem saber a história desta sequela, é fácil contar: basta ver o primeiro, que a história é IGUAL.
No entanto o filme tem algumas coisas positivas. Já lá vamos.
Aqui temos um gajo, que curiosamente é irmão da Heather (personagem que desapareceu na floresta no primeiro filme). Esse gajo vê um vídeo na internet sobre essa floresta e jura que viu um relance da irmã. Faz as malas, pega nuns amigos e lá vão eles investigar essas imagens e a floresta. O resto é igual ao primeiro. Perdem-se na floresta, barulhos esquisitos, amigos que desaparecem, objectos estranhos à beira das tendas, clímax na casa antiga, pessoas viradas para a parede e terminar com uma pancada final e câmara no chão. 
Ou seja, uma fotocópia do filme original, com a adição de alguns novos twists.

Como tinha dito, o filme tem algumas coisas positivas. Apesar de manterem o estilo found-footage, aqui as imagens não são tão tremidas como no original. As tecnologias são outras. Os gajos têm um drone que dá uma perspectiva maior da floresta. Neste filme, a floresta parece muito mais densa, o que dá uma sensação de claustrofobia. Como também têm câmaras pequeninas que vão agarradas à cabeça, é mais justificável o facto de estarem sempre a filmar. 
Outra coisa muito positiva é o som. Então se tiverem um bom sistema de som, é o máximo ouvir todos os pequenos barulhos, galhos a partir, gritos, etc. 
Outra coisa que foi aumentada neste filme em relação ao original foi o problema do "tempo", e não estou a falar do clima. Parece que na floresta alguém controla o tempo. A certa altura, um casal que estava separado do grupo principal diz que se passaram 5 dias, quando para o grupo apenas se tinha passado uma tarde. Ou seja, a Bruxa, ou seja lá quem for a entidade, tem controlo desse tempo. Até porque noutra altura, é noite quando deveria ser dia. A prova final desse aspecto é o facto de o vídeo inicial do filme, onde o gajo jura que conseguia ver a irmã é exactamente igual a uma parte do clímax final na casa, como se o vídeo fosse do futuro. (Tenho de rever o filme para tentar perceber melhor toda esta parte). Ah, esse final está muito bem construído, e é uma espécie de recompensa por todo o resto do filme que acabou por ser banal. Não era mau, mas também não trazia nada de novo.

Negativamente o filme tem coisas desnecessárias, e estou a referir-me aos jump-scares onde não há razão para existirem. O filme já tem situações de medo e aflição para ainda ter esses sustos só porque sim. Depois há coisas que não são bem explicadas. Uma das raparigas do filme sofre um corte do pé que começa a infectar. A certa altura, uma espécie de "minhoca" sai da ferida. Nunca percebemos bem o que isso é e porque aconteceu. 
Finalmente, é sabido que o filme é igual ao original pelo que podiam arriscar no final. Mesmo na cena final chegamos a pensar que a gaja se pode safar da bruxa. Segundo consta, bastava não olhar directamente para ela. E tem a inteligência de usar a câmara para saber onde se deslocar, mesmo a caminhar de costas. Acontece que ela ouve uma voz conhecida (já se percebeu que é a "bruxa" que faz esses sons) e ela vira-se e pumba, cacetada nos cornos e fim de filme. Apenas acho que seria mais interessante ter desta vez uma pessoa a safar-se e conseguir sair dos bosques. 


Resumindo e concluindo, se não gostaram do filme original, é certo e sabido que também não vão gostar deste. Eu gostei, apesar de ficar o amargo de boca, pois podia arriscar mais. O final do filme na casa foi bem mais "complexo" e compensou o resto.

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