quarta-feira, 7 de outubro de 2015

HEAT (1995)


Em 1995 eu tinha uns 13/14 anos. Foi por volta dessa altura que vi este filme. Uma das únicas memórias que tenho ao ver o filme foi que o filme era grande como o carago. Nunca mais acabava.
Hoje é um dos filmes da minha vida. Mas é um daqueles casos em que prefiro não ver o filme vezes sem conta, pois tenho medo dessa coisa chata que é a saturação. Claro que já o vi umas 27 vezes. E houve duas cenas que já devo ter visto umas 453 vezes. Falo claro está das cenas do famoso tiroteio em Los Angeles e da cena do primeiro encontro da dupla De Niro/ Pacino.

E posso despachar já o elenco. Robert De Niro e Al Pacino encontram-se pela primeira vez no cinema (O Padrinho 2 não conta, pois se bem me lembro eles nem contracenam). E que melhor filme para juntar estes "monstros" da representação.

- De Niro tem uma actuação mais sóbria, cheia de subtilezas. Um homem só que se preocupa com o seu gang. A cena com Ashley Judd, onde lhe pede que dê mais uma oportunidade a Val Kilmer é prova disso. Ou seja, uma espécie de patriarca do grupo. E o seu papel está tão bem escrito que em quase 3 horas de filme, é um dos casos que queremos que o bandido se salve. (I do what I do best, I take scores. You do what you do best, try to stop guys like me).


- Al Pacino é o obcecado de serviço. Vai no 3º casamento e mesmo esse se desmorona. Abdica dessa estabilidade familiar por obsessão ao trabalho. No entanto ainda tem de lidar com a enteada maluquinha (uma Natalie Portman muito novinha), e uma mulher que também quer atenção. A cena em que o Pacino apanha a mulher com um amante é genial. (Oh yeah, I made Ralph fuck you because it makes me feel good).

- Val Kilmer, que nesse mesmo ano era Batman, tem uma das suas performances mais memoráveis., muito low profile. 

- Tom Sizemore é um dos membros do gang, e conseguiu em apenas um acto virar o nosso sentimento por ele. Num momento temos simpatia por ele, no outro basta pegar numa criança durante o tiroteio para não ficarmos com pena de ter levado um balázio nos cornos.

Depois temos mais uma série de actores que estão impecáveis em papéis mais pequenos. E que elenco secundário Michael Mann conseguiu reunir: Jon Voight, Natalie Portman, Diane Venora, Ashley Judd, Ted Levina, Hank Azaria, Dennis Haysbert, Danny Trejo, William Fichtner...

Tecnicamente o filme é brutal. Tenham bem em atenção a fotografia disto. As cores... aquele azul escuro... o jogo de sombras... a banda-sonora que só existe quando tem de existir. Senão vejamos: na cena do tiroteio na baixa de Los Angeles, o que é que se ouve? Tiros e mais tiros.... Não precisa de mais nada a acompanhar. 


Ora, o filme tem 2h45. Em 165 minutos de filme não há uma única cena que eu conseguisse excluir. Todas são importantes para o desenvolver da história. Todos os pequenos enredos conjugados resultam nesta obra-prima.

Mas se todas as cenas são importantes e impecavelmente bem filmadas, representadas, temos sempre de realçar a aquela a que todos chamam de "cena do café". É impossível falar do filme e não referir esta cena. E ao mesmo tempo é tão simples. Dois tipos que travam conhecimento pessoalmente estão ali a conversar. E é "só" isto! Mas caramba, ouvi esta semana alguém dizer que é como assistir a uma partida de ténis de luxo. Dois dos maiores actores vivos a conversar.
«You know, we are sitting here, you and I, like a couple of regular fellas. You do what you do, and I do what I gotta do. And now that we've been face to face, if I'm there and I gotta put you away, Iwon't like it. But I tell you, if it's between you and some poor bastard whose wife you're gonna turn into a widow, brother, you are going down.» 


Muito resumidamente, é só um dos meus filmes preferidos!

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